xok:

agora... adentre: entre: se toque, se pop, se top, me provoque!

22.4.12

grande, pequeno, forte, frágil.

quero beber desta bebida,
da tua bebida derramada, depois de desarrumada na xícara arrumada na mesa da sala.

porque sempre que ouvimos FIM cometemos outras coisas:
sim, assim, nos metemos de novo e é bom.
sim: somos bem metidos!

vi a moça resistindo.

pensei, quando vi aquela rosa grudada com uma fita gomada na parede:
pensei:
pensei nada.

tinha uma coisa manchada de vermelho em volta,
palavras desfeitas como letras escorridas.

a rosa:
a letra:
a tinta:

em mim tudo se agita:
a voz é doce em meu ouvido.
a pele é outra,
outra textura,
outro calor,
outra cor,
outro odor,
outra pele.

e meu ouvido só escuta...

vi caminhos.

doer dói sempre.
e daí, se a vida é um doer?
sofrer é se deixar transformar.
líquido, sólido, gasoso.
senão não tem graça.
sofrer pra que, pra nada?

meus caminhos:
me despedi dos meus caminhos:
dos que percorri:
dos que sonhava percorrer:

meus caminhos:
abri o mapa de novos caminhos:
os que quero e não conhecia:
os que me querem e vou conhecer.

doer dói sempre?
não. hoje vivo sem doer!

vi o grande lápis e a folha em branco.

e era do tamanho daquela pessoa sem sexo.
repensei: hoje, mais uma vez, quero o nexo.

o que escrever com o grande lápis maior que a folha grande e a pequena pessoa?

não sei mesmo se preciso escrever tão grande coisa, tão grande história:

no fundo: sou poesia de abóbora:
no escuro: sou andorinha:
no raso: sou fato sem dados:
no claro: é tudo mentira:

nada lhe diz, nada diz de mim mesmo.

recomeço:

com o grande lápis eu não escrevo: eu contenho histórias.

vi, é sobre um homem.

e eu sou diferente.
não é bem uma qualidade, mas tenho pingos de chuva.
dois preços: iniciativa e entrega.
dois preços, moço, para que eu lhe pertença!

sempre fui muito bom em pagar o segundo.
seria capaz de pagar o primeiro?

sim, ser diferente assim, com cores de cortar a chuva, me custa caro.
sou bem mais difícil do que o que vai encontrar por aí:
sou normal.

você é capaz, moço, de pagar e provar deste meu mal?

(tomara que não. ainda tenho coisas pela frente).

vi corações iluminados em cores.

havia um muro. por trás do muro eu via, por cima de tudo:
prédios, nuvens, casa, cascas, ruas, luas:

corações desembrutecidos e luminosos coloridos e acesos sobrevoando feito balões!

tanta beleza!

e eu?

estava do lado de lá.
deste lado que eu via, eu via com antigos olhos: olhos seus.

e eu?

quede?

quede, meu Deus, aquele desnutrido eu?

talvez tenha alguma resposta quando chegar colorido deste mundo para o qual fui levado.

atenção: ser levado: é coisa inclusive de quando se permite.

permita: mas só se for de jeito e de forma divertida...


vendo: aqui será sobre o coração

curar: me lembra ferida aberta:
curativo: me lembra tampo em ferida aberta:

mainha: limpava, passava remédio: fechava:

cicatrizava.

cicatrizar é ficar curado?

existe então uma outra coisa que é a marca da cura.

mas como se diz: não lhe diz respeito.

ah, sujeito de vontades e defeitos!

desde quando se tornou protagonista na vida?

então eu vi os escritos, os desenhos, os inventos.

sorri por dentro pela independência:

eu aspirei, Marcinho, o cheiro perigoso da liberdade e agora nada é tarde. nem cedo.

de nada eu tenho medo:
tudo agora é motivo:

segredo:
fui movido!

quando vi, matei alguém e não foi você

quando vi que matei alguém...
quando vi que matei...
quando vi, matei.
matei, matei, matei, matei!

matei alguém e não foi você.

não diria aqui a forma ou o requinte, saberia se pensar, você, o jovem morto assassinado.

então é jovem o moço que matei.

matei porque antes de mais nada ele deveria provar o sexo.

e eu disse:

calma, não me venha pedir em namoro depois do segundo beijo que me roubou.
conheça o sexo.
o sexo é importante.

não seja romântico. não agora.
teremos tempo para sermos românticos.
sejamos honestos. por hora isso me basta.

seu beijo era bom.
seu cheiro azedou depois que me pediu em namoro sem conhecer o resto, sem conhecer a intimidade da cama depois do sexo.

não, menino, aprenda: não se pede em namoro depois do segundo beijo, mesmo que meu beijo seja muito bom!

nem só de beijo vive o homem, mas de toda sorte de secreções que se tornam palavras e Deus!

matei alguém,e, ah... nem foi você!

de quando vi a pequena esperança.

tudo em volta, tudo negro, tudo preto, tudo escurecido e ao mesmo tempo tão pouco sujeito, tampouco desfeito, tão rouco de um jeito esse monte de mancha em mim que ao contrário de sujo me pareço refeito: defeito: sempre acho um jeito: sempre troco de peles: mesmo agora, quando um ponto vermelho me parece o estouro de qualquer bomba, qualquer músculo que se enrijece e se desfaz: eu fui o primeiro rapaz? eu fui o primeiro homem? eu fui o primeiro menino? eu fui o primeiro, menino? quanto é confuso ser um músculo obtuso quando o desejo é penetrar: que quer dizer entrar: mas como se penetra e permanece se o movimento é de entra e sai? quanto é confuso ser de um músculo vermelho escuro tanto quanto o que vejo espaço para entrar: que quer dizer ser penetrado: mas como se deixa ser permanecido se o que penetra ali tem caminho certo de volta? em volta, tudo negro e espedaçando-se em manchas, tudo preto no branco, tudo escurecido (de dor? de medo?) e ao mesmo tempo me sujeito a ser a pequena coisa vermelha desenhada naquele espaço: esperança: outra: início: recomeço: e me refaço: novas todas as coisas: porque hoje é domingo e não vou arrumar o quarto: limpas as veias: artérias: movimento de pintor ao contrário: tudo é de dentro para fora: tudo de antes, de muito tempo: tudo é simples: tudo é agora!

enquanto vi a praia do Mucuripe.

sensação de ter estado.
ser e estar.
esses dias se distanciam muito um sentido do outro.
eu estive, agora sou.
lá atrás, quem era, meu Deus?
era eu?
tinha um vulto ali.


tudo me parece parado, feito som aconchegado fora do corpo.
mas havia um movimento ali. era luz.


me ilumina.


penso sem resistir.
desistir não é verbo que se conjugue.
trocar de laços não é desembrulhar os presentes.


e o mar?
tinha uma luz diferente.
a minha luz é outra.
hoje quero cores: aquelas que não conheci.
lugares: aqueles que não vivi.


hoje terei movimentos imprevisíveis.


antes: desestrutura: hoje: enturva o primeiro passo e a primeira vista: quanto a mim estou sorrindo.


tudo passa.


passou?