xok:

agora... adentre: entre: se toque, se pop, se top, me provoque!

22.1.11

OCUPA-SE


hoje,
na ARTELARIA,

me ocupo de AMOR.

VOCÊ VEM?


ocupando-me mais!


pois é:

me maquiei,
vesti três camisetas,
tomando mais caipirinha,
e ajudando o tempo a passar de forma divertida.

você vai ao OCUPA-SE?
eu vou!


OCUPA-SE


HOJE NA ARTELARIA,
PRIMEIRO OCUPA-SE DO ANO:

2011, AÍ VAMOS NÓS.

P.S: já me ocupando em casa: 

receita:

caipirinha, máscara, e pêlos a menos.


20.1.11

almas mofadas

 Moska - Muito Pouco by Biscoito Fino

é que disse sentir nessa época de chuva um cheiro de mofo pelos cantos, 
pelos jeitos, 
pelos lugares que os dedos tateiam aos poucos.
o cheiro fica.


qual seria a cor do mofo?


tudo até pode perder a forma, 
o alho pelo pilão pisado, 
mas deixa o cheiro.

de vez enquando (quase sempre) o coração aperta.
aí eu respiro, 
rezo, 
continuo.


qual seria a minha cor em Deus?


quando a alma estiver mofada nada disso é possível, 
nada.
não se respira, 
porque sufoca.
não se reza nem se deixa continuar.
o mofo na alma é uma espécie de argamassa que se forma em volta e concentra:
sentido: 
paralisa.


qual é a cor da alma?


o que eu juro?
juro que esse texto não é um desabafo.
juro que nada disso é pra você.


qual é sua cor preferida?


pra você eu digo que o dia está lindo.
e isso é de verdade.
pra você eu falo a verdade, pra você eu posso.
eu estou bem.
os dias passarão e me ensinarão a ser tranqüilo.


cores tranqüilas: quero.


pra você eu digo que amo sem medo.
não tenho mais medo.
nem grudarei em seu pé, não criarei espaços de mofo.
minha vida se agita,
eu cumpro, 
a cidade se cogita e eu no centro:
concentro.


qual a cor do seu amor por mim?


meu amor, eu amo você.


e Deus me parindo: rindo!



5.1.11

depois que ela saiu de casa


ela saiu de casa. passou pela porta, destrancou o portão e, na calçada, teve um problema real.
o cadeado enguiçou, não fechava, era uma pausa e ela não precisava de pausa.
os homens nunca têm pausas, nas pausas se pensa.
ela já havia, como disse, passado pela porta.
e agora?
ela não conseguia fechar o cadeado, a tranca, não conseguia trancar-se livre por fora.
ela estava presa? sim, num espaço depois da saída sem conseguir sair.
que merda de cadeado que a fazia parar e pensar.

o que ela precisava era perder-se. perder-se é fácil principalmente para os homens. perder-se sem controle. e ela queria, sobretudo havia a vontade, de perder-se.

pobre coitada. perder-se é fácil e sempre se é capaz de esquecer ou não encontrar o caminho de volta.
e se fechasse para sempre o cadeado prendendo-se em liberdade por fora?
perderia o lado de dentro, o retorno, a volta. ela não queria pensar nisso. 
ela queria simplesmente perder-se sem pensar.

o que ela precisava era de um amigo. porque amigo dá tudo o que um amor é capaz de dar, sem correr o risco de apegar-se ao prazer do corpo. mas ela não poderia correr o risco que se tem somente com amigos. não queria ouvir coisas que somente amigos são capazes de cometer.

ela chegou a pensar que melhor era ser amante. porque amante não tem outra possiblilidade.
amante tem somente o momento em que o outro pode, em que o outro quer, em que o outro precisa. o resto é espera. e esperar é estar em pausa e ela odeia pausas porque nas pausas se pensa, e os homens, como ela, não pensam nunca. seu verbo é agir. e sempre sem pensar, sem medir, sem sofrer. odeia sofrer.

o problema dos amantes é o depois. porque nada existe no depois até uma próxima vez sem datas.

ela queria ir somente. peito aberto em ponta de faca.
quede ela?
não está mais lá, do outro lado, na calçada. sim, fechou o cadeado, o portão. fez a opção? em ninguém porá a culpa. 

quede?
se perdeu?


antes do peito na ponta da faca.

  aconteceu by azulchoque 

o coração salpicou dum espasmo, por dentro do peito.
um grito.
raios e trovoadas fortes.
eram guitarras?
o corpo se saracoteia da cama ao espaço. um vácuo entre isso e aquilo, um canto de salvação que perdeu voltando a pisar no chão.
de pé percebe este chão molhado, a porta aberta, o carro ensopado por dentro, as plantas naufragadas.
e o tapede daquela sala?
seu corpo suado guardava um cheiro, mas ela não lembrava de quem.

só sabia do banho de chuva, do porre, da volta pra casa esbravejando ira e risadas.
seu sexo molhado da chuva. pêlos que guardaram um resto de água?
e um cheiro... que abuso daquele cheiro!

Ela ainda não morreu. sim, porque ela morre no fim desta história, senão não seria Carmen.

macho, esquece. ou finge que esquece, a verdade é que doerá sempre menos em seu peito de macho.
a noite ela lembra de um cacho que teve. e ele tinha medo de escuro, de trovões, de fortes chuvas e se enroscava toda em seu braço.
era dele o grito que a chamara da cama. ela sabia. de algum jeito ouvia.
chovia.
mulher canalha. ela sempre se achava necessária, sempre se pensava útil, a coitada.
ser mulher assim e ter um jeito forte de ser rejeitada.

decidiu buscar o moço antes que anoitecesse. claro que ele não viria, não gritara, não chorara, como nem se quer havia chovido tanto assim. trovãozinho de nada, pensava. um gosto de vingança na garganta.
porque pra ela era tudo saída premeditada. ela era uma sacana mesmo. e sabia ter um risinho de canto de boca.

essa página da história é pra sabermos mais dela. sim, porque ela fica pra lá e pra cá, zombando, sorrindo, provocando. ela bate. e ela alisa! ela deixa um cheiro forte nas roupas que veste. e esse cheiro fica. entranha-se no corpo de quem corpo a corpo se tine com ela.

ela estava aqui a pouco. fumou um cigarro careta charmosamente desajeitada. porque nunca fuma, apenas pra... ela sabe. chega! e nunca interessa. nada dela interessa, a não ser que ela queira que interesse. é incrível como ela acha prazeroso vacilar entre ser adorável e péssima, insuportável, chata, ridícula e cruel, irritante... ah, mulher miseravelmente adorada! desprezível!

antes de sair pela manhã, de deixar mais uma vez a cama, ela quase vira-se para trás, quase me olha no rosto, no olho, na boca desbeijada, quase me fala. ela de vez enquando é sempre quase. apenas quase!

nela existe um medo. de pé no chão molhado, diante do final de uma rua, direita ou esquerda?

pensou. claro que calada, mas pensou.

havia uma impossibilidade. claro que secreta.

dois caminhos.

de um lado a perfeição diante de uma passado distorcido e turvo. uma segurança, uma proteção, um cuidado, um dono pra sua casa, um rapaz mais novo, no entanto mais velho, um rapaz firme, forte, cuidadoso, carinhoso, secreto, secretíssimo, segredo mais íntimo, só dela, e ele era tudo aquilo que sonhara, que pedira, que esperara, ele era um desenho por ela mesma esboçado e refeito, perfeito!

do outro lado a realidade clara, farta, escancarada, sem grande graça, sem cores brincantes pelas paredes da sala, sem luzes, sem charme, sem molho, sem fome, sem sede, sem nada. não! sem nada nunca. o outro caminho era de uma realidade descabida, um cheiro ainda mais forte e sem medo, sem desespero de esconderijos, o cheiro! o gosto não sabia, mas tinha, porque o cheiro, ah, o cheiro indicava! e o outro caminho, este, de tão real, de tão sem graça, de tão perdido, assim como ela, era mesmo a graça de tudo, a festa do que é real, do que é possível, do que talvez comece errado e nunca termine errando sempre. mas o encanto deste caminho era a falta de segredo. era essa a novidade. por isso abandonara minha cama e partiu. porque virando para a esquerda ela poderia ser acariciada em público, beijada, tomada no colo, paquerar, nunca sufocar um beijo, nunca rejeitar o impulso de um desejo! e ela queria isso. precisava.

seu ódio é porque queria tudo isso, esse possível, essa realidade, esse passo certo, esse abraço em público por horas em demora, era comigo que queria tudo isso. mas eu não podia! nunca podia! eu... eu não posso. eu sou de claustros e só sei amar em casa, só sei beijar em casa, só sei ser assim, porque sou Gabriela, descabidamente como eu nasço eu morro. pronto. falei. sou franco. sou um fraco! e me acabo sem pedir socorro achando bonito.

mas ela não. nunca. é fortíssima, Carmen que sabe ser, macho que sabe ser, homem mesmo! por isso ela saiu. simples assim. eu fiquei somente com o cheiro se acabando aos poucos na cama, na roupa, no corpo, no quarto, na casa, no espaço e no tempo.

4.1.11

eu vi o tempo!


2011.
um tempo ainda, pra não escrever mais 2010.
2011... repetindo: 2011.
2+0=2, 1+1=2, 2+2=4.
ano de coisas exatas. dizem...
pão de açúcar, 03 de janeiro, primeiro dia do ano.
eles saíram pra pedalar. 
palavras caladas ou já usaram todas?
o mar, o vento, o tempo, as luzes, um sol que não se pôs, um domingo na segunda feira.
tapioca, pão de alho, frango, queijo e um beijo no braço.
abraço. eles sentados.
um escreve. o outro calado.
e Deus rindo. só ele sabe.

3.1.11

reencarnando.

  Carmem by azulchoque 

ela era feito homem.
era homem?
não, só feito homem, somente.
mas como assim, feito homem?
fizeram-na com as coisas todas entre coxas de uma mulher, seios feito narinas empinadas e venta desaforada.
depois puseram-lhe um vestido de saia vermelha que girava, somente ao seu gosto.
o vermelho vezenquando enegrecia, dependia de humores dela.
ela, nada falava. sabia guardar silêncio.
se sentia, se amava? sim, com todos os afetos mais intensos. no entanto, homem que era, além de possuir freios bons e domínio tinha ela um saber guardado herdado: a força das palavras nunca ditas!
quando passou navalha nos cabelos, decidiu pelo volante, nunca sonhara com o banco do passageiro.
ela guiava seus carro pelos trilhos escolhidos, fazia as trajetórias, uma vez ou outra se desafiando por caminhos desconhecidos.
nunca se entediava, rodeada de quem queria e, se não mais queria, ia. simplesmente.

certa feita os dias não mais amanheceram. ela queria ser noite somente. sentia falta da luz? isso é segredo guardado. tem coração que não se penetra.
habitou umas mesas, sentou cadeiras, sorriu de piadas, criou outras idiotices e apelidos inúteis aos companheiros de desvantagem.
mas, de natureza vingativa, não se satisfazia com o aumento de uma solidão que se dizia vazio, falta.
daí partiu aos beijos, boca em boca, corpo em corpo, comeu de tudo e gemeu masculinamente.
tinha medo, coitada, de entregar-se!

pobre moça, vestida de beleza e juventude abandonou as havaianas brancas.
desistiu de dar 3 saltos mortais em sua dança vigorosa.
e isso foi como um acidente, uma vlasa descabida se sobrepondo aos pandeiros do coração.
não teve medo por um momento daquilo que havia dentro dela. era lá que acharia o que precisava, somente lá! a vida é uma escolha. e ela não queria ser a vítima. sem início nem chegada, só caminho.
dilema. sofreu por não ter o que quiz, porém agora era mais que conseguir qualquer capricho.
aonde tudo isso leva?
ela era um guerreiro. e cheia de vícios. e não sabia nada!
mergulhou, esvaziou a mente, assim feito em uma partida de futebol.
não pensou em lista de compras, na escola, no que tinha de fazer.
ficou presente e se envolveu. uma vez!
o que realmente importa? pensava sobre isso.
o que era o agora? onde era o aqui?
eu sou feliz? pensava.
a felicidade tinha a ver com aquilo.
pode se passar a vida toda sem nunca dançar, sem nunca acordar.
conhecia o mundo, mas não sabia dele. descobriu.
ela era sem propósito.

pisoteou o chão, rachou a terra.
agiu.
pensou aproveitar a vida.
livrou-se de pensamentos que dizia que não ia conseguir.

foi: peito aberto em ponta de faca!

: texto inspirado em Carmen, de Bizet. e em Carmens que me cercam. inauguro aqui um novo cantinho no Azul Choque, dividindo escritos que poucos tiveram acesso.

2.1.11

vamos mergulhar?

  tudo novo de novo by azulchoque





Cá estou para uma guerra inesperada
e dificil: lutar contra o meu amor,
o amor que eu sinto.
Puta que pariu!
Civil, despreparada
e desprovida de armas, pareço perder
de cara a empreitada.
Levanto da primeira derrubada
e o bicho já me golpeia certo no
diapasão; justamente o afinador dos fracos,
a bússola sonora
dos instrumentos de canção.
Me emudece, me desafina
ceifa rente meu braço de poema, e,
manca dele, procuro ainda alguma proteção.
Mais um golpe, estou no chão.
O amor caçoa então: quer morrer, danada, não vai lutar não?
Com o bico da chuteira da mágoa
desfiro-lhe dois golpes seguidos no queixo.
O amor ri: não doeu, nem senti!
Irada, engancho minhas pernas em seu
pescoço, tento as tesouras imobilizantes
que copiei das lutas da televisão.
(Que nunca gostei, será que prestei a devida atenção?)
O amor interpreta mal...
Ah, quer me seduzir? Enforcar, que é bom, não?
Eu nada falava, torcia pernas, me esgotava,
fremindo-lhe a cabeça entre as coxas.
Isto pra mim é trepada, boba!
Eu gosto do aperto, do cheiro da roxa
e de te ver roxa.
E gargalhava.
Cansada, humilhada e sem
munição, desmaio e me entrego:
pode me matar, amor
eu estou na sua mão.
O amor me olha de cima então:
querida minha, eis o segredo da esfinge
eis o problema diante da solução:
matar-te é matar-me
e matar-me é matar-te.
Se no chão do amor estava,
nesse chão continuei então.
Deitada sob o amor,
debaixo do amor,
no ringue do amor,
o amor me beijou,
me beijou, me beijou.

De Elisa Lucinda
Tatame



fonte: http://www.escolalucinda.com.br/bau/tatame.html





na foto, minha mãe: Ana Alencar, mais amada!

1.1.11

não me espere pois eu não parti!

juntar o que sentir by azulchoque

espaço aberto.
o que é um espaço?
quantos corpos são capazes de ocupar um espaço?
quantos são capazes de me ocupar?
mantenho-me ocupado.
rezar, negar, sorrir, ficar, partir.
tantos verbos.
ação!
a comida seja farta, a ida seja rápida, o pedido seja outro, desfeito...
não me espere, pois eu não parti.
senti. muito.
mudemos o tempo dos verbos, as conjugações.
há um dia, enfim!
há um tempo pra ficar assim, sem respostas para perguntar
qual o rumo pra qualquer lugar onte o tempo não possa chegar.
quero ir.
ficar é dolorido.
eis diante de mim uma estrada, abriram a porta. estou indo!
não pedi, levei, fiquei, falei, senti.
atravessei a porta. não tem volta.
comi, sofri, voltei, parti, falei, senti, amei e me exauri.
cante! ensine! saiba! jure! reze! mostre! afirme! sorria!
ouvir, dizer, sentir, saber, ficar, partir.
quero comer, quero espalhar, quero entregar,
não me entregue, não me pague, não me espere, não me explique, não me traga, não me traia.
comi, sofri, voltei, parti.
estou de volta?
quando?
onde?
por que e por onde?
para quem? com quem?
aprender a ser só.
estar, fazer, saber...
eis diante de mim uma porta aberta.
um silêncio? não. uma resposta.
um dia amar, outro deixar ir, despedir, beijar de adeus!
não me espere.
não me explique.
não me traia.
acredite.
voltei. parti.
falei. senti.
amei.
e me exauri.