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agora... adentre: entre: se toque, se pop, se top, me provoque!

3.1.11

reencarnando.

  Carmem by azulchoque 

ela era feito homem.
era homem?
não, só feito homem, somente.
mas como assim, feito homem?
fizeram-na com as coisas todas entre coxas de uma mulher, seios feito narinas empinadas e venta desaforada.
depois puseram-lhe um vestido de saia vermelha que girava, somente ao seu gosto.
o vermelho vezenquando enegrecia, dependia de humores dela.
ela, nada falava. sabia guardar silêncio.
se sentia, se amava? sim, com todos os afetos mais intensos. no entanto, homem que era, além de possuir freios bons e domínio tinha ela um saber guardado herdado: a força das palavras nunca ditas!
quando passou navalha nos cabelos, decidiu pelo volante, nunca sonhara com o banco do passageiro.
ela guiava seus carro pelos trilhos escolhidos, fazia as trajetórias, uma vez ou outra se desafiando por caminhos desconhecidos.
nunca se entediava, rodeada de quem queria e, se não mais queria, ia. simplesmente.

certa feita os dias não mais amanheceram. ela queria ser noite somente. sentia falta da luz? isso é segredo guardado. tem coração que não se penetra.
habitou umas mesas, sentou cadeiras, sorriu de piadas, criou outras idiotices e apelidos inúteis aos companheiros de desvantagem.
mas, de natureza vingativa, não se satisfazia com o aumento de uma solidão que se dizia vazio, falta.
daí partiu aos beijos, boca em boca, corpo em corpo, comeu de tudo e gemeu masculinamente.
tinha medo, coitada, de entregar-se!

pobre moça, vestida de beleza e juventude abandonou as havaianas brancas.
desistiu de dar 3 saltos mortais em sua dança vigorosa.
e isso foi como um acidente, uma vlasa descabida se sobrepondo aos pandeiros do coração.
não teve medo por um momento daquilo que havia dentro dela. era lá que acharia o que precisava, somente lá! a vida é uma escolha. e ela não queria ser a vítima. sem início nem chegada, só caminho.
dilema. sofreu por não ter o que quiz, porém agora era mais que conseguir qualquer capricho.
aonde tudo isso leva?
ela era um guerreiro. e cheia de vícios. e não sabia nada!
mergulhou, esvaziou a mente, assim feito em uma partida de futebol.
não pensou em lista de compras, na escola, no que tinha de fazer.
ficou presente e se envolveu. uma vez!
o que realmente importa? pensava sobre isso.
o que era o agora? onde era o aqui?
eu sou feliz? pensava.
a felicidade tinha a ver com aquilo.
pode se passar a vida toda sem nunca dançar, sem nunca acordar.
conhecia o mundo, mas não sabia dele. descobriu.
ela era sem propósito.

pisoteou o chão, rachou a terra.
agiu.
pensou aproveitar a vida.
livrou-se de pensamentos que dizia que não ia conseguir.

foi: peito aberto em ponta de faca!

: texto inspirado em Carmen, de Bizet. e em Carmens que me cercam. inauguro aqui um novo cantinho no Azul Choque, dividindo escritos que poucos tiveram acesso.

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