xok:

agora... adentre: entre: se toque, se pop, se top, me provoque!

3.12.10

25-02-2007



era abril. mês de estar entre a cruz e a espada.
terminando o CAD.
ir pra escola de circo? entrei numa companhia de dança.
ficar no meio do triângulo? defini um dos lados.
teatro ou dança? teatro e dança.
ele ou ela? ele. ela. eu. paguei pros três, a coca-cola. mais pra eles, confesso.


dorinha (clown da aspas) e joão (meu personagem em cântico negro), uma história de amores estranhos. dandão (meu clown), uma coisa mais estranha ainda...

mas isso tudo me lembra o início da minha vida paquerando com a arte: eu, em araripina-pernanbuco, carregando baldes d'água pra estar sempre no circo, entrando de graça, convivendo. aprendendo nada, que sempre fui assim. obsevando tudo, que sempre fui assim. fazendo tudo do meu jeito. e vendendo pirulito de açúcar queimado. tem um texto que a bethânia fala que me lembra essa parte minha de história. e ele é assim:

era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora. eu queria ser trapezista, minha paixão era o trapézio. me atirava do alto na certeza que alguém segurava-me as mãos não me deixando cair. era lindo mas eu morria de medo, tinha medo de tudo quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encostada que chegava e seguia. era disso que eu tinha medo. do que não ficava pra sempre.
era outra vez outro parque, outro circo, ciganos e patinadores. o circo chegou a cidade, era uma tarde de sonhos e eu corri até lá. os artistas se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo e eu entrei no meio deles e falei que queria ser trapezista. veio falar comigo uma moça do circo que era a domadora, era uma moça bonita, mas era uma moça forte, era uma moçona mesmo. me olhou, riu um pouco e disse que era muito difícil mas que nada era impossível. depois veio o palhaço polly, veio o topsy, veio diderlang que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público... de repente apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando, a lona do circo tinha sumido e o que eu via era a estrela dalva no céu aberto.
quando eu cansei de ficar olhando pro alto e fui olhar pras pessoas, só aí eu vi que estava sozinha.

Texto de Antônio Bivar
Extraído do Disco Drama 3°Ato - 1973

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