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agora... adentre: entre: se toque, se pop, se top, me provoque!

28.11.10

04-02-2006



É a visão que se refresca num mundo de míope alterado.
Uns dizem que os olhos são a janela da alma. 
Tenho minha janela numa hipnose de imagens novas. 
Tenho um fluxo contido e contínuo diante de mim. 
São carros que não ficam cinquenta segundos sem passar, pessoas que vão e que voltam. São segundas, terças, quartas, sábados e domingos numa ida e vinda, indo sempre. Nem sei pra onde e nem me importa. Estou alterado no tempo de quem para diante das horas e obsaerva apenas, nem atônito nem desatento.
 
Uma sirene vez ou outra me trás de volta. É o meu incômodo necessário.
 
E de cima vejo os que não sabem que estou lá e são desnudos e plastificados, com seu andar alterado.
E é em cima que espero. Toda noite, a chegada de amores antigos, amores eternos, amores novos, amores meus, para os quais agora me dedico a qualquer hora numa dança que se descompassa e fica como de fato estou, feito vento que entra pela casa em dias quentes.
E é em cima que dou colo a um menino que cresce dentro de mim e hora se confunde comigo. Hora não sei mesmo quem necessita e ajudamo-nos a dormir.
E a chave destranca enfim, o cadeado. A chave certa. A que não dá beijos de despedida e nem nada. A chave por fora, de quem não se sabe se volta ou quando volta. O barulho do portão se fechando e o menino sumindo, virando a esquina, a vida ainda indo ao desencontro de nós dois, dos olhos incertos de quem não afirma mais nada, nem a tentativa nem a possibilidade de outra estrada. Não se assume mais nada! E o peito acelera e agita a sala de tecidos mudos e sem fala. 
A pouco tecidos todos em você, você bailava neles. Agora nada. Agora nem o tempo resiste e passa. Agora apenas o beijo guardado nos lábios. O beijo dado, sim. O beijo roubado, o negado e o aceito. E o último. O que fica sempre esperando o próximo. O beijo da faca cravada na palavra volta.

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