xok:

agora... adentre: entre: se toque, se pop, se top, me provoque!

28.11.10

30-11-2006

o menino serpenteava calado na avenida.
tinha no peito abafado o segredo guardado da corrida.
para trás uma cachorra morta e uma gata que lhe toma conta.
na frente uma certeza torta de uma dança tonta.
o menino, cansado, mesmo perdendo ainda acredita.
eita, vida!
ele brincava de viúva possina ainda criança, sem premeditar que, ensinado os outros a fazerem isso, ganharia a vida.
às vezes ele se sente desumano e menino. um falsário.
frustra-se. nem tem talento. embora veja nos olhos das pessoas lágrimas quando acham que ele faz arte.
hoje uma aluna lhe pediu o texto que falou. teve de abrir o jogo: desculpa, mas não decorei.
ele leva a sério essa dança desabafo.
mesmo dizendo uns que não deviam mergulhar fundo.
mesmo dizendo outros que não querem saber.
mas eles não estão ali tanto pelos outros. estão por si.
ontem se assustou com um peso em sua bolsa enquanto andava. era um cachorro que, andando, repolsava sua cabeça enorme em sua bolsa.
e teve medo. medo da mordida antiga que levara.
clamou pelo sangue de Jesus Cristo, como criança. lembrou-se do lobo, seu animal de poder. continuava andando. queria ter podido rir. que o medo não tivesse aparecido.
foi sua única companhia real na curva do mundo.
ele volta às teclas, companheiras. amigos, ausentes.
desencontros. encontros com desconhecidos virtuais que lhe fazem bem.
depois volta cansado, exausto, como queria. lerá estação carandiru, trancado na casa, morrendo de medo.
depois de muito, terá sono.
dormirá.
antes disso, descobrirá em que momento desses quebrará a rotina com a lata de leite moça fiesta, que comprou pela manhã.
usará a colher emprestada, que a cosma lhe deu.
amanhecerá o dia e ninguém verá lágrima alguma.
outro dia, outra aula.
outro dia, outra aula.
uma manhã, sem nada.
e fim.
meio dia vai pra casa.

Nenhum comentário: